Os preços dos módulos solares fotovoltaicos continuam em fase descendente, aliás nunca caíram tanto num período de tempo tão curto.
Armazéns inundados com painéis solares provocam queda acentuada de preços
Segundo Martin Schachinger da pvXchange, os armazéns Europeus possuem um excesso de stock de módulos fotovoltaicos, fator essencial que justifica a contínua descida de preços. As previsões apontam para os preços continuarem a descer.
Os valores médios dos módulos solares desceram cerca de 10%, nunca na história da tecnologia solar fotovoltaica os preços desceram tanto num tão curto período temporal.
Recentemente os valores dos módulos solares alcançaram o anterior mínimo histórico de 2020, sendo que os preços atuais encontram-se abaixo dos custos de produção da maioria dos fabricantes.
Com estes níveis os fabricantes praticamente não conseguem gerar margens de lucro, apenas conseguem minimizar danos e encontram-se neste momento no limiar da sobrevivência.
Quais as causas para a tendência de preços dos módulos solares?
Antes de apontarmos as principais causas que o mercado solar vive neste momento, importa referir que os preços dos módulos aumentaram mais de 50% entre Outubro de 2020 e Outubro de 2022, isso aconteceu devido à escassez de equipamentos vivenciada durante a pandemia aliado a um aumento da procura nessa fase.
Nesse período de tempo os fabricantes de painéis solares efetivamente tiveram margens interessantes, além disso os preços continuaram elevados até há relativamente pouco tempo.
O mercado solar vive atualmente o oposto, a escassez de equipamentos fizeram com que instaladores e grossistas realizassem enormes encomendas para reforço dos stocks, este sucesso fez com que os fabricantes nomeadamente asiáticos incrementassem as suas linhas de produção aumentando a capacidade de fornecimento.
De facto num mercado globalizado a produção normalmente excede a procura em aproximadamente 30% a 50% para que as flutuações consigam rapidamente ser combatidas, a capacidade de produção aumenta ou diminui consoante as variações da procura.
A velocidade e a intensidade desta mudança, contudo, surpreendem até mesmo os participantes mais experientes do mercado.
No entanto, este mecanismo ficou recentemente fora de controlo já que muitos fabricantes tiveram de mudar a produção de células e módulos muito rapidamente da tecnologia PERC tipo p para TOPCon tipo n, devido a problemas de direitos de patente em regiões individuais, por outro lado, as restrições de vendas não se aplicaram a nível mundial.
Na outra vertente estavam os custos elevados das fontes de energia convencionais, sendo que entretanto as medidas políticas europeias conseguiram combater com sucesso, principalmente na substituição dessas fontes de energia convencionais por novas formas de energia num curto espaço de tempo. A fase de do sofrimento causado pelo aumento vertiginoso dos custos da energia diminuiu rapidamente no nosso continente.
A fase pandémica finalmente poderá estar resolvida e o levantamento de restrições foi aplicado e liberalizado, as famílias de classe média europeias conseguem novamente viajar, fator que retirou capital prioritário do investimento familiar da implementação em projetos de energia solar fotovoltaica.
A crescente subida das taxas de juros dos empréstimos aliada à elevada inflação fez com que, muitas das pessoas que recentemente queriam investir em sistemas fotovoltaicos estejam agora mais relutantes em realizar investimentos no setor solar.
Todos as variáveis listadas anteriormente criassem um colapso na procura de módulos solares, de referir que a indústria solar fotovoltaica ainda não saiu da crise do Verão.
A falta de pedidos para novas instalações caiu em flecha, sendo que os equipamentos acumulam-se nos distribuidores e nos armazéns dos fabricantes.
Ouve-se comentar que existem neste momento 40 GW e 100 GW de módulos fotovoltaicos não vendidos em lojas europeias, nomeadamente na área de Roterdão.
O armazenamento de equipamentos solares fotovoltaicos é dispendioso ocupando bastante espaço, as perdas crescem e evoluem dia-a-dia e as encomendas continuam a refletir a fraca procura. A pressão aumenta e a bola de neve começa finalmente a deslizar, alguém começa a comercializar os seus painéis solares abaixo do custo de aquisição/produção e todos os outros intervenientes são forçados a seguir o exemplo… O resultado é uma espiral descendente sem final à vista.
Qual o futuro do mercado de painéis solares?
Toda a reflexão anterior pode levar-nos a pensar que a intensa queda de preços faria aumentar a procura de equipamentos solares, no entanto o nível atual de preços ainda não se faz sentir nos consumidores finais ou potenciais investidores.
A verdade é que os stocks antigos adquiridos a preços elevados ainda é muito grande, pelo que se espera que a pressão continue a aumentar, uma vez que o risco dos equipamentos ficarem presos no stock é demasiado elevado.
A previsão é que os preços continuem em queda antes que a procura aumente novamente e seja alcançado um equilíbrio saudável.
As linhas de produção asiáticas estão praticamente paralisadas, no entanto mesmo que nem um único módulo solar novo chegue à Europa vindo da China, precisaríamos de muitos meses até que a acumulação sentida nos armazéns fique resolvida. Não podemos esquecer que módulos armazenados também são predominantemente produtos com células solares PERC, cujas eficiências são inferiores às dos módulos fotovoltaicos com tecnologia de ponta atuais.
Especialistas apontam que o excesso de módulos solares apenas será resolvido com a exportação para mercados fora da Europa, onde os consumidores ficam satisfeitos com módulos solares baratos.
Qual a sua opinião, pondera investir em sistemas solares fotovoltaicos?