Células solares fotovoltaicas de Perovskita, serão o futuro da energia solar, ou tudo não passará de um sonho?
Os painĂ©is solares tĂŞm vindo a ser revolucionados, muito devido Ă s novas tecnologias, nomeadamente das cĂ©lulas fotovoltaicas Ă base de Perovskita. Mas será que estas sĂŁo o futuro da energia solar, ou apenas um sonho cientifico? Será que elas conseguem mesmo substituir o silĂcio no futuro?
Nos Ăşltimos anos temos vindo a assistir Ă mudança de paradigma no consumo de combustĂveis fĂłsseis. Passou a apostar-se mais nas energias renováveis, para baixar as emissões de gases com efeito de estufa.
Os paĂses passaram a investir mais na energia solar, tendo-se aumentado cerca de 40% na transformação da luz solar em eletricidade, ao longo destes Ăşltimos anos. Infelizmente em Portugal essa tendĂŞncia ainda Ă© diminuta, quase residual, mesmo com a redução do preço dos painĂ©is solares, em 2018 apenas 1,5% da eletricidade consumida proveio da energia solar.
Painéis fotovoltaicos em Portugal
95% dos painĂ©is fotovoltaicos que vemos instalados tĂŞm por base cĂ©lulas solares de silĂcio, um material que Ă© abundante na crosta terrestre, e que possibilita tirar um rendimento da luz solar de 27%, mas que na realidade tĂŞm uma eficiĂŞncia de apenas 17%.
Nos Ăşltimos anos assistiu-se a uma redução no preço destes painĂ©is solares fotovoltaicos, mas tambĂ©m em conta as suas limitações. É que o silĂcio nĂŁo Ă© o material mais indicado para absorver a luz solar e para produzir tais cĂ©lulas sĂŁo necessárias temperaturas elevadas, mais de 1000ÂşC (sĂł assim se consegue um elevado grau de pureza de silĂcio).
Devido a essas limitações e baixa eficiência na realidade, pois em laboratório é de 27%, foram desenvolvidos esforços para novos materiais, tendo um desses sido a Perovskita!
CĂ©lulas solares fotovoltaicas de Perovskita
Estas novas células solares vieram revolucionar a comunicada cientifica. Chamam-se células de Perovskita devido à estrutura dos átomos ou moléculas dos cristais que é ABX3.
Significa que tem 3 componentes diferentes, organizados de modo cúbico. Em que um dos átomos, a, fica nos vértices do cubo, o B no centro e o X no centro de cada face do cubo. Esta é uma estrutura conhecida e usada em vários dispositivos, mas aplicado às células solares é relativamente recente!
Um pouco de histĂłria sobre o desenvolvimento das cĂ©lulas de Perovskita… em 2009 tinham uma eficiĂŞncia de apenas 3.8%, contrastando com os atuais 25.2% (conseguido pelo MIT). Nas cĂ©lulas de silĂcio levaram 50 anos atĂ© ter a atual eficiĂŞncia (27%). Mas como nas cĂ©lulas Perovskita conseguiram esses valores de eficiĂŞncia em tĂŁo pouco tempo, foram criados grupos de trabalho dedicados ao desenvolvimento da Perovskita.
Vantagens das células solares de Perovskita
Têm grandes vantagens especialmente na produção e versatilidade de aplicações.
Requerem assim tecnologias mais simples e adaptadas Ă produção em larga escala, como impressĂŁo, spray ou revestimento por imersĂŁo de materiais, alĂ©m de tratamentos tĂ©rmicos a baixas temperaturas (200ÂşC, contrastando com os 1000ÂşC do silĂcio).
Como permitem baixar os custos, podem ainda ser integradas em vários produtos, sendo assim flexĂveis.
Se pensarmos ainda no facto de serem semi transparentes, pode-se aplicar a Perovskita a outros tipos de superfĂcies e materiais, como janelas, fachadas de edifĂcios, veĂculos elĂ©tricos, mobiliário urbano ou mesmo em equipamentos de desporto como mochilas ou tendas!
Principal desvantagem das células solares de Perovskita
Com tantos benefĂcios, porque nĂŁo está esta tecnologia já disseminada no mercado? É que tem 2 grandes pontos negativos…
Internamente na estrutura da Perovskita, no centro do cubo, está o chumbo, que é o elemento que permite obter estes valores de eficiência. Mas como o chumbo é considerado um material tóxico, na União Europeia, desaconselha-se o uso dele e como tal, há que encontrar um substituto adequado para o chumbo!
(já foram testados o estanho ou estrôncio, mas as eficiências ficam muito abaixo do esperado, 10%)
O outro problema é da molécula presente nos vértices do cubo. Um catião de metilamónio (CH3NH3+), que é instável, especialmente em ambientes húmidos e temperaturas acima de 80ºC. Facto que faz com que a eficiência da célula se degrade com o tempo, especialmente no exterior.
Estes são os 2 pontos negativos responsáveis pela não aposta nas células solares de Perovskita no mercado das energias renováveis. Mas há empresas, como a Saule Technologies que contam lançar produtos no mercado, à base de Perovskita, nos primeiros meses de 2020!
Outras aplicações da Perovskita no futuro
Com as limitações existentes na aplicação da Perovskita aos painĂ©is fotovoltaicos, há quem se tenha voltado para outros mercados. Assim há equipas de desenvolvimento de produtos Ă base de Perovskita como sensores de luz, LEDs, transĂstores ou mesmo lasers. Produtos que tĂŞm atualmente por base o silĂcio, mas que podem ser trocados por Perovskita.
Outra possibilidade em aberto, Ă© combinar os dois materiais… Perovskita com silĂcio. Será tal possĂvel? Seriam assim cĂ©lulas duplas, e há experiencias em que já se atingiram valores de eficiĂŞncia de 28% (a Oxford PV) e espera-se chegar brevemente aos 30%!
O futuro passa pela Perovskita?
Sem dúvida que sim! O futuro parece brilhante apostando na Perovskita para produzir energia renovável, mas há que resolver os dois grandes problemas que não estão a permitir a massificação deste material na produção da energia solar!
SugestĂŁo aos fabricantes:
Os painéis/módulos, muitas vezes são montados sobre telhados diversos. Portanto, deveria substituir as velhas telha, isto é, os telhados em si com módulos fixo nas estruturas
PAINEL/MODULO SOLAR TELHADO