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SolarWood a tecnologia pioneira portuguesa combina solar e biomassa

SolarWood

Tecnologia pioneira portuguesa de energia renovável a caminho de um hospital em Essuatíni (antiga Suazilândia)

Projeto aberto a financiamento colaborativo em goparity.com

“SolarWood” é uma solução modular desenvolvida na Madeira que produz calor e eletricidade com recurso a biomassa e energia solar. A tecnologia vai ser instalada no Good Shepherd Mission Hospital, em Essuatíni (antiga Suazilândia), para permitir o fornecimento de energia fiável nesta região remota, evitar a emissão de 1350,3 toneladas de CO2 ao ano, gerar uma poupança de 10% na fatura de eletricidade e todo o emprego criado será para mulheres da região.

O investimento é de 950 mil euros e parte do financiamento está a cargo da GoParity, a fintech portuguesa para investimento colaborativo de projetos sustentáveis e socialmente responsáveis.

A dificuldade em fazer chegar energia de forma estável e eficiente a locais remotos levou a Innovakeme, uma startup portuguesa da Madeira que desenvolve projetos de energia renovável, a criar a tecnologia SolarWood – uma solução integrada de produção de eletricidade e calor fora da rede, com recurso a energia solar e biomassa.

A inovação está na integração de diversas soluções de produção e armazenamento de energia nos quatro contentores que constituem a SolarWood: uma solução modular, escalável e replicável desenhada para zonas remotas.

Cada unidade tem uma função: uma produz e seca lenha; outra utiliza a biomassa para produzir de forma combinada o calor e eletricidade; o terceiro contentor produz eletricidade a partir de painéis solares; e o último é um sistema de armazenamento e gestão da energia produzida. No seu conjunto, a SolarWood terá uma potência de 150kWp (na central fotovoltaica), com capacidade de produzir 80kW de eletricidade e 160kW de energia térmica. A capacidade das baterias é de 50kWh.

Este piloto irá chegar a Essuatíni em dezembro, altura em que estará uma equipa técnica responsável por operar, supervisionar e monitorizar a solução. A tecnologia será instalada no Good Shepherd Mission Hospital, em Siteki, capital do distrito de Lubombo, em Essuatíni e tem uma vida útil estimada de pelo menos 25 anos.

Atualmente, o hospital tem um consumo anual de electricidade de 800 MWh e 300 toneladas de carvão para aquecimento de água. “A energia consumida vem da rede nacional, a qual é maioritariamente produzida por centrais a carvão (76%).

Como a rede elétrica em África, e em especial nas regiões mais remotas,  não é confiável e acontecem falhas de energia de forma regular, são utilizados geradores de emergência a gasóleo.

Este projeto vai permitir uma estabilidade do abastecimento de energia ao hospital para que existam menos interrupções do funcionamento e não aconteçam falhas, por exemplo, a meio de uma intervenção médica. Além disso, a substituição de matérias primas fósseis por energia solar e biomassa certificada vai reduzir em 70% a emissão de gases com efeito estufa, ou seja, evitar a emissão de 1.350,3 ton CO2 por ano, o equivalente a 61.377 árvores plantadas.”, esclarece Nuno Brito Jorge, CEO da GoParity.

Para além do impacto ambiental, o projeto capacita as comunidades locais e promove a igualdade de género

A acrescer aos benefícios ambientais, o projeto terá impacto social na região com a capacitação das comunidades locais, a igualdade de género e a melhoria das condições do hospital:

Para além da redução dos custos com eletricidade, 15% dos lucros obtidos pelo “Special Purpose Vehicle” (SPV) (a entidade financeira criada para gerir os fundos) serão direcionados para o Hospital, o que permitirá à instituição melhorar as condições dos serviços prestados e alargar os serviços a mais pessoas e comunidades. Ainda, a promoção da igualdade de género numa região onde a discrepância é muito acentuada: a operação permitirá empregar pelo menos 10 mulheres que ficarão encarregues da manutenção e monitorização da tecnologia no local. O promotor do projeto está ainda a estudar formas de desenvolver uma cooperativa madeireira local para fornecimento de biomassa.

O Good Shepherd Mission Hospital, inaugurado em 1949, é um organismo paraestatal gerido pela Igreja Católica. Tem capacidade para 225 camas com uma taxa de ocupação que chega aos 130%, sendo a instituição responsável pelos serviços de saúde em toda a região de Lubombo, que constitui mais de 1/4 da área total de Essuatíni e onde vivem cerca de 212.000 pessoas, predominantemente de áreas rurais. Lubombo é a região mais pobre de Essuatíni e um dos países africanos com maior incidência de HIV no mundo (27,4% de incidência em adultos). Além disso, o hospital é responsável pela supervisão de 20 clínicas rurais na região e tem uma escola de enfermagem.

Três empresas portuguesas unem-se para levar energia limpa ao Good Shepherd Mission Hospital

O promotor do projeto é a Multiply Energy, uma empresa portuguesa com sede em Évora que investe em projetos de energia renovável. Foi contactada pela Wunder Sight, uma empresa inglesa que desenvolve projetos a nível mundial de energia renovável, incluindo em Essuatíni onde já tem dois projetos instalados e um terceiro em desenvolvimento, para além do SolarWood.

Também envolvidos foram a Innovakeme, da Madeira, para o fabrico da tecnologia; a fintech portuguesa GoParity para o financiamento colaborativo do projeto; bem como a EEP Africa  (Energy and Environment Partnership Trust Fund), um programa de desenvolvimento estabelecido e gerido pelo Nordic Development Fund, um fundo de cooperação internacional estabelecido pelos 5 países nórdicos da Europa (Dinamarca, Finlândia, Islândia, Noruega e Suécia) para investimento de projetos de energia renovável.

“O Essuatíni é um país que precisa de apoio ao desenvolvimento, e o desenvolvimento deve ser baseado em energia, além de educação e saúde. O projeto SolarWood Good Shepherd Hospital tem todas as características para ser um projeto de referência na África Subsaariana, uma vez que integra energia renovável local e autoconsumo, num hospital rural e com foco em gênero. Criamos um projeto que conta com o apoio do Fundo Nórdico de Desenvolvimento e que garante um retorno financeiro, além de contribuir muito para o desenvolvimento local.” esclarece Jorge Dot, CEO da Energy Planet, a empresa que detém parte da Innovakeme, e Partner da Wunder Sight.

A tecnologia SolarWood prevê um investimento de 950 mil euros que inclui a tecnologia, o fabrico, o transporte, a instalação, a formação de equipa técnica no local e monitorização. 100 mil euros estão abertos a financiamento colaborativo na GoParity (com a possibilidade de aumentar o valor a financiamento até aos 150 mil euros), com uma taxa de juro de 6,15%, a 8 anos. Qualquer pessoa, desde que maior de idade, pode investir no projeto a partir dos 20€.

O restante capital será garantido pelo Nordic Development Fund (500 mil euros), pela Multiply Energy (150 mil euros) e pela Wunder Sight (150 mil euros).

1 Comentário em “SolarWood a tecnologia pioneira portuguesa combina solar e biomassa”

  1. E não se podia ter começado por fazer este tipo de projectos em Portugal tendo em conta os custos da energia por estas bandas? Tornou-se progressivamente difícil para mim dar apoio a projetos em zonas remotas do planeta onde é mais difícil fiscalizar a execução. Em Portugal acontecem muitos casos de desvios de fundos, equipamentos e para outros objectivos menos claros…. Por favor não venham vender-me produtos que eu nem sequer sei se existem.

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