Início > Notícias > Energias Renováveis > Será mesmo rentável investir em Energias Renováveis?

Será mesmo rentável investir em Energias Renováveis?

Investimento em energias renováveis

“Pensar verde” é, cada vez mais, um fenómeno e uma perspetiva de evolução sustentável, ao contrário de uma moda. Portugal ainda é considerado como antiquado no que diz respeito a esta consciencialização.

Considerem-se países como a Alemanha, a Holanda, a Bélgica e a Noruega, por exemplo, nos quais determinados comportamentos com preocupações ambientais – como separar o lixo doméstico e a existência de uma percentagem mínima de energia gerada a partir do sol ou do vento – são obrigatórios por lei.

No nosso país, parece que há uma tendência crescente para uma aposta na energia solar, o que faz todo o sentido na medida em que fomos abençoados por um clima favorável. Mas que incentivo podem ter as famílias para investir em energias renováveis?

Foi precisamente para dar resposta a esta questão que o ComparaJá.pt desenvolveu uma análise acerca da rentabilidade do investimento em energias renováveis.

Para o efeito, traçámos o perfil da família Monteiro, com quatro membros – dois adultos e duas crianças –, que montou, em sua casa, uma unidade de pequena produção (UPP) a partir da instalação de painéis fotovoltaicos com o objetivo de gerar energia para vender para a rede elétrica nacional.

Qualquer pessoa pode deter uma UPP cuja potência de ligação não seja superior a 250 kW, sendo que o registo e o certificado de exploração podem obter-se através do Sistema Eletrónico de Registo de Unidades de Produção (SERUP). Caso se queira também consumir a energia produzida, tem de se fazer uma inscrição no regime de autoconsumo.

Mas quanto pode auferir a família Monteiro, por ano, com este investimento? A tarifa de venda da energia produzida por uma UPP é estabelecida através de licitação e indicada em portaria da Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG) até ao dia 15 de dezembro de cada ano. Em 2015, este valor foi de 95€/MWh (0,095€/kWh).

Tendo como base este cenário, o investimento da família Monteiro, que vive num T3 de 25m2 na solarenga cidade de Setúbal, é realizado com base nos seguintes preceitos:

Potência instalada: 4.6kWp
Utilização anual: 1,465 horas
Quantidade produzida (estimativa/ano): 6,739 kWh/ano
Preço de venda: 0.1 €/kWh
Venda de energia (por ano): 674 €/ano
Consumo da moradia: 9542 Kwh

A família Monteiro instalou uma UPP de painéis fotovoltaicos (e com um solar térmico, para poderem aquecer a água do banho sem custos).

O investimento inicial foi de 7.100€, já incluindo o valor da licença para produção de energia. Para tal, pediram um empréstimo de 10 anos com uma taxa de juro de 3,5% e cujo valor da prestação total, em termos anuais, é de 854,53€.

No gráfico abaixo é possível visualizar quanto é que a família ganha no total, a cada ano que passa após o investimento, podendo notar-se que o lucro só se torna possível a partir do décimo segundo ano, depois de se liquidar o empréstimo na totalidade:

Retorno do investimento acumulado
Retorno do investimento acumulado

Ao fim de 25 anos (os equipamentos também não duram muito mais do que isso), o retorno do investimento foi de aproximadamente 18.000€. De facto, a recompensa não é a mais célere, mas existe. Não permite gerar rendimentos no imediato, no curto prazo, mas no médio prazo torna-se rentável investir em energias renováveis através de uma UPP.

Face a outros tipos de investimentos (como seriam, por exemplo, os depósitos a prazo), esta alternativa até compensa muito mais.

No caso de se investir apenas para autoconsumo, o investimento inicial é mais baixo e há uma compensação imediata centrada no facto de desaparecerem os custos de aquecimento de água a partir do momento em que se faz o investimento, o que provavelmente fará com que a poupança no longo prazo seja bem mais elevada.

De qualquer das formas, pensar verde e agir verde compensa – o benefício é ambiental, mas também monetário.

3 Comentários em “Será mesmo rentável investir em Energias Renováveis?”

  1. E caso estejamos a falar de um investimento um pouco maior?
    Por exemplo, se eu quiser investir em energia num terreno com cerca de 1 hectare, como posso calcular a quantidade de energia possível de produzir e o valor aproximado do investimento e retorno, antes de avançar para uma empresa de consultoria ou instalação?

  2. Carlos Oliveira

    Caro Portal Energia
    Reconheço o valor do V. exercício que é muito bem vindo.
    Contudo os preceitos utilizados são teóricos, afastados da realidade das exploração de uma instalação deste tipo, não permitindo uma analise séria para a decisão de investimento das economias de uma família, como a família Monteiro.
    Desde logo pressupõe que a remuneração é fixa e garantida durante todo o período (o valor varia anualmente, como referido no artigo), o valor inical do kWh é superior a do corrente ano o que vai distorcer o estudo, não tem em conta os custos de manutenção dos equipamentos e de todo o sistema, não tem em conta eventuais valores de seguros sobre a instalação ou eventuais necessidades de reinvestimento devido a qualquer contingência, nomeadamente por avaria ou acidente, etc., etc., não tem em conta os impostos decorrentes dos ganhos obtidos com a venda de energia…

    Assim, num valor baixo de investimento, mas relevante para a economia familiar, perante um risco elevado causado por eventuais falhas em consideração ao longo período (25 anos), julgo que não é compensador para a família Monteiro investir as suas economias ou (pior) penhorar-se perante a banca para obter o seu retorno decorrido mais de uma uma década…
    O investimento em energias renovaveis só continua a ser viavel, em modesta opinião, se for em quantidade…Se for não 4,6kWp, mas 46MWp. Isto é em formato capital intensivo, mas onde os ganhos e as sinergias por efeito de escala são rentabilizadas e consequente diluição do risco. efeito de escala e.
    Em alternativa, para rentabilizar a UPP, será aumentar os valores de remuneração como ocorre noutros países(França, Alemanha, pro exemplo). Mas julgo que o consumidor ou o estado não estão nessa disposição.

    1. O comentário que acabei de ler do Sr. Carlos Oliveira, de uma análise clara e realista perante esta temática da produção para o micro-produtor , transmite uma alternativa para rentabilizar a UPP, à qual estou plenamente de acordo em que terá de ser aumentada a sua remuneração, pois sem isso não haverá investidores à pequena escala familiar.

Deixe um Comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Rolar para cima