Portugal em projecto Europeu para as Tecnologias do Hidrogénio

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O hidrogénio é ainda o “parente pobre” das tecnologias energéticas em Portugal. «Não existe uma estratégia para o hidrogénio com metas e objectivos claros», criticam Rei Fernandes e Rui Pimenta, ambos investigadores do Research Group on Energy and Sustainable Development (RGESD) do Instituto Superior Técnico (IST).

Para inverter este cenário, Portugal está actualmente envolvido no projecto Hyrreg, financiado pela União Europeia, através do programa SUDOE/INTERREG IV B.

O projecto, que teve início em Abril e deverá estar concluído em Outubro de 2011, envolve um conjunto de 9 parceiros de Portugal, Espanha e França, e um investimento de 1,3 milhões de euros.

O principal objectivo do Hyrreg é, segundo Rui Pimenta, «promover a competitividade e desenvolvimento da indústria das tecnologias de hidrogénio e de pilhas de combustível na região SUDOE», que inclui Portugal e Espanha continental, 6 regiões de França e ainda Ceuta, Melilla e Ilhas Baleares (Espanha) e Gibraltar. No total, são abrangidos 61,8 milhões de habitantes e 770 mil km2.

Para o concretizar, serão analisadas as capacidades actuais dos países na área do hidrogénio e pilhas de combustível, e desenvolvidos relatórios de vigilância tecnológica para tecnologias-chave nesta áreas.Hidrogénio e as suas tecnologias

Os investigadores irão também «avaliar o potencial comercial destas tecnologias e elaborar o Roteiro para a Economia do Hidrogénio na região SUDOE», explica o especialista do IST.

PROJETO A LANÇAR ESTE ANO

Este roteiro, que irá identificar os impactes ambientais e económicos da utilização do hidrogénio, bem como as oportunidades de negócio decorrentes da sua introdução do mix energético nacional, deverá ser lançado «antes do final do ano», adianta José Campos Rodrigues, presidente da Associação Portuguesa para a Promoção do Hidrogénio (AP2H2).

O projecto conta com o apoio da Direcção Geral de Energia e Geologia e da Direcção Geral das Actividades Económicas e será desenvolvido pelo IDMEC/Instituto Superior Técnico, AP2H2, Laboratório Nacional de Energia e Geologia e Universidade de Aveiro.

Quanto às vantagens do recurso ao hidrogénio, essas são já reconhecidas e são «imensas», garante Rui Pimenta. Desde logo, «permite responder às principais preocupações actuais em termos energéticos, diminuindo as emissões de dióxido de carbono e possibilitando a segurança no abastecimento, essencialmente quando a sua produção se baseia em fontes renováveis», esclarece.

Em termos práticos, e pegando no exemplo dos veículos eléctricos, «o hidrogénio permite uma maior autonomia, para valores semelhantes aos dos veículos actuais, o que não sucede actualmente com as tecnologias dos veículos eléctricos, que apenas lhes permitem uma utilização para curtas deslocações citadinas», sublinha o investigador.

HIDROGÉNIO FATOS E AÇÕES

O hidrogénio transformar-se-á no combustível renovável e inesgotável do futuro? Os investigadores seguem duas pistas diferentes: a primeira, em fase avançada de estudo e desenvolvimento, consiste na pilha de combustível; a segunda – mais distante – consiste na fusão de núcleos de hidrogénio.

Por oposição à pilha clássica “consumidora” dos reagentes electroquímicos que geram a corrente, a pilha de combustível consiste num gerador de electricidade (e acessoriamente de calor) que utiliza a reacção entre o hidrogénio renovado em permanência (enquanto combustível) e o oxigénio do ar (enquanto comburente) para, através da libertação de electrões, produzir água.

A Europa, Estados Unidos e Japão desenvolvem uma intensa actividade de investigação industrial sobre grande número de variantes de pilhas de combustível – destinadas quer aos motores eléctricos dos automóveis, quer às novas gerações de centrais eléctricas e térmicas. Este promissor modo de produção de energia sustentável deveria, seriamente, penetrar no mercado dentro de uma ou duas décadas.~

A ambição sem precedentes da fusão é a reprodução, de forma controlada, do gigantesco processo de produção de energia desenvolvido no universo estelar através da fusão de núcleos de hidrogénio com núcleos mais pesados de hélio.

De há quatro décadas a esta parte, a Europa investiu num grande esforço de investigação sobre esta energia do futuro que levantaria definitivamente a hipoteca que representa o progressivo esgotamento dos recursos fósseis, sem produção de emissões poluentes nem de resíduos radioactivos.

Actualmente, a fusão é objecto de uma vasta cooperação mundial (ITER) tendo em vista à construção, a prazo, de um primeiro reactor experimental.

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