Os chineses venceram a privatização da EDP e Portugal ganhou um novo aliado de investimento. A China Three Gorges (CTG), empresa chinesa, vai pagar 2,7 mil milhões de euros pelos 21,35% da eléctrica, garante-lhe duas linhas de crédito de quatro mil milhões e investimentos de dois mil milhões até 2015.
Mais: também está prometida uma fábrica de turbinas eólicas e um banco para apoiar o investimento chinês em Portugal.
Ao todo, são 8,7 mil milhões, mas a escolha deixou de fora os brasileiros da Eletrobras e os alemães da E.On, mesmo depois de a Presidente do Brasil, Dilma Rousseff, e da chanceler alemã, Angela Merkel, terem intercedido junto do Governo português.
O Executivo garante que “não há razões para temer quaisquer efeitos negativos”, mas ontem o Financial Times resumia a decisão como “uma grande derrota” para a E.On. E também para Merkel, que depois da cimeira de chefes de Estado, onde foram decididas alterações ao Tratado de Lisboa, conversou com Passos Coelho sobre o assunto e destacou as vantagens da oferta alemã.
.
O que pesou na escolha
O futuro da Europa acabou, no final, por determinar a decisão do Governo. Nas propostas finais, alemães e brasileiros incluíram uma cláusula de salvaguarda: se a recessão se agravasse, queriam ter a possibilidade de vender a sua quota na EDP, contrariando as exigências do Governo – que bloqueou a venda dos 21,35% durante os próximos quatro anos.
Sem essa condição na proposta, a Three Gorges acabou por facilitar a decisão. “Essa foi apenas uma das questões, mas não foi decisiva na escolha”, garantiu ontem Luís Marques Guedes, secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros.
“Todas as propostas eram interessantes, mas a da CTG era a mais forte em termos globais”, disse a secretária de Estado do Tesouro e Finanças, Maria Luís Albuquerque, acrescentando que “o processo foi conduzido de forma transparente e validado por todas as entidades”.