Índice de nacionalização ameaça financiamento e projectos de energia eólica no Brasil

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Após uma grande auditoria do Banco Nacional do Desenvolvimento Económico e Social (BNDES) sobre os fabricantes de aerogeradores que actualmente actuam em grandes projectos eólicos no mercado brasileiro deixou todo o sector apreensivo e em alerta.

Ao mesmo tempo em que o BNDES visitou fábricas de produção de aerogeradores e projectos eólicos em curso para verificar o índice de nacionalização dos equipamentos, a instituição estatal retirou o nome de algumas empresas do Finame – lista de equipamentos e máquinas cuja aquisição pode ser financiada.

Sete empresas acabaram com o registo suspenso. Após uma pesquisa  no site do BNDES, quatro companhias foram encontradas sem cadastro: Vestas, Suzlon, Acciona e Clipper. Outras seis estão com a situação normal: GE, Impsa, Gamesa, Alstom, WEG e Wobben.

Para a presidente-executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), Élbia Melo, tanto fabricantes quanto investidores que constroem parques eólicos ficam “numa situação complicada” porque, caso o BNDES decida não financiar os empreendimentos que usam equipamentos dessas empresas, estes se tornariam inviáveis.

“Vai prejudicar não só o fabricante, mas a indústria como um todo. Tem vários parques que já estão em construção, pegaram empréstimo-ponte esperando o BNDES…”, explica Élbia.

“Quando essas empresas entraram no leilão, as fabricantes estavam no Finame. Agora não dá para mexer no meio do jogo”, explica Élbia.

O BNDES afirmou que “se procura uma solução que permita continuar apoiando os projectos de energia eólica em curso, mas ao mesmo tempo privilegiar os fabricantes que atendam as exigências de conteúdo local estabelecidas“.

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Na Suzlon, que foi uma das que tiveram o cadastro no Finame suspensos, o clima é de surpresa com a decisão. O presidente da empresa, Arthur Lavieri, garante que o índice de nacionalização, de 60%, é cumprido e até ligeiramente ultrapassado pela fabricante indiana.

Pelo relato de Lavieri, a situação na empresa é um misto de “tensão” devido à espera e à falta “absoluta” de comunicados por escrito. E de “tranquilidade” devido aos investimentos feitos no País até o momento.

“Temos acalmado os nossos clientes. Estamos mostrando que tentamos entrar o mais profundamente possível no País, para não ser simplesmente uma montadora, mesmo com toda dificuldade de encontrar uma cadeia produtiva eólica no Brasil”, ressalta.

A Suzlon conta hoje com um centro de produção em Maracanaú, no Ceará, que compreende uma linha de produção de painéis eléctricos e montagem de hubs, além de um laboratório de repotenciação de acionamentos e motores. E conta com parceiros locais, como a Aeris, que fabrica pás, e o Grupo Cortez, que produz torres de concreto.

“Entregamos um caderno de mais de 300 páginas de documentos para eles (BNDES) que mostra toda a composição de custo do aerogerador, licenças, CNPJs”, resume Lavieri.

Segundo ele, a Suzlon tem hoje 340MW para serem entregues – em 14 parques, todos já em obras – e que seriam prejudicados por uma eventual exclusão da empresa do Finame. Além de outros 300MW em negociação. “Isso mexe com o mercado de uma maneira brutal”, lamenta o presidente.

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