Fusão entre fabricantes de aerogeradores Siemens e Gamesa próxima do fracasso

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O comité de direção do gigante Alemão Siemens encontrou dúvidas na operação de fusão com o fabricante Espanhol Gamesa, nomeadamente se irá lançar ou não uma opa.

A direção da Siemens considera que existem dúvidas sem resolver na operação para fundir os ativos eólicos do gigante industrial Alemão com a Gamesa. Apesar de neste momento ambos os grupos continuarem a ultimar detalhes para a operação, as incertezas podem levar ao fracasso da que seria uma das maiores fusões no mercado eólico mundial.

A cotada em bolsa Gamesa recuou hoje aproximadamente 3.67% até aos 16.82 euros, liderando assim as quedas no índice Espanhol Ibex35.

Fontes financeiras confirmam que o comité de direcão da Siemens (managing board) se reuniu esta semana e concluiu que existem incertezas nos aspetos jurídico e político e que será conveniente resolver antes de prosseguir com as negociações.

A última decisão em qualquer caso corresponde ao conselho supervisor (supervisary board). O conselho supervisor da Siemens irá reunir-se em meados deste mês, apesar de ainda não estar definida nenhuma data para debater este assunto. Esta reunião poderá ser decisiva para continuar com o impulso nas negociações ou pelo lado contrário repensar todo o processo.

Fontes oficiais da Siemens em Munique declaram que neste momento “não existem mais comentários sobre este tema”.

As negociações entre Siemens e Gamesa duram já algumas semanas, e o mercado está a reagir com alguma impaciência perante esta demora sem qualquer tipo de conclusão.

Na passada segunda-feira cumpriu-se um mês desde que a Gamesa reconheceu perante a Comissão Nacional de Valores de Espanha que “estavam a decorrer conversações que apontavam para uma possível integração de determinados negócios na área da energia eólica entre a Siemens e o grupo Gamesa no sentido de uma potencial operação de fusão.”

Após esse acontecimento, oficialmente não existem mais informações excepto através da declarações de Ignacio Sánchez Galán, presidente de Iberdrola, primeiro accionista de Gamesa, com quase 20%. Sánchez Galán afirmou que essa possível fusão entre os gigantes eólicos seria “uma excelente notícia”.

Como qualquer outro grupo estrangeiro planeando investimentos no mercado Espanhol, a Siemens começa a ser sensível com as crescentes incertezas políticas que Espanha está a passar. Dois meses após a realização de eleições, Espanha continua sem formar governo e pode encaminhar-se para a repetição da campanha eleitoral e consequente repetição de eleições.

Por outro lado as incertezas jurídicas estão relacionadas sobretudo com a possibilidade da opa da Siemens não ter como alvo os 100% da Gamesa. O desenho inicial da operação é uma fusão com uma ampliação do capital da Gamesa na qual a empresa Siemens aportaria ativos e muito possivelmente dinheiro.

Assim a Siemens possuiria a maioria no novo grupo após a fusão, este processo e em princípio obrigaria a Siemens a lançar uma opa de 100% sobre a Gamesa.

Essa intenção está baseada numa exceção da lei das opas (Real Decreto 1066/2007) sobre maioria em fusões, que necessita de autorização prévia da Comissão Nacional de Valores.

Fontes jurídicas confirmam que ambas as empresas Siemens e Gamesa realizaram consultas prévias à Comissão Nacional de Valores, apesar de a priori este organismo não ver razão para não haver autorização para esta opa em concreto.

Uma operação de opa irá encarecer o processo de fusão, Gamesa valia ontem cerca de 4.876 milhões de euros em Bolsa. O grupo subiu aproximadamente 20% no final de Janeiro quando reconheceu que estava a decorrer uma operação corporativa com a Siemens. O valor de cada ação chegou a superar os 18 euros, valor próximo dos 19 ou 20 euros que alguns analistas referiram como potencialmente um valor real de cada ação após a possível fusão.

O valor de cada ação teve uma quebra até aos 16.80 euros atuais.

A Siemens está a analisar outros assuntos jurídicos relacionados com efeitos de concorrência na Europa, uma vez que a empresa resultante da fusão daria lugar ao primeiro fabricante mundial de aerogeradores do mundo com uma quota de mercado especialmente relevante na Europa.

Siemens e Gamesa superariam largamente a quota de mercado do primeiro fabricante europeu Vestas.

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