Previsões de quota de mercado dos fabricantes de turbinas eólicas ocidentais entre 2024 e 2034: Quem liderará o setor?
A consultora dinamarquesa Brinckmann divulgou recentemente um relatório com previsões sobre a quota de mercado dos principais fabricantes de aerogeradores (OEMs) ocidentais para o período entre 2024 e 2034.
Turbinas eólicas onshore por fabricante ocidental (2024-2034)
O estudo analisa o mercado eólico, tanto onshore como offshore, e avalia as vendas destes fabricantes em diferentes países e regiões.
Embora o relatório completo esteja disponível apenas para clientes, a Brinckmann partilhou alguns dados relevantes na sua página do LinkedIn, que aqui comentamos.
O primeiro gráfico apresentado no relatório traz algumas surpresas e confirmações. Vamos analisar os detalhes:
- Vestas: A dominadora do mercado
A Vestas mantém a liderança, com uma quota de 34% nas instalações fora da China. Este resultado não é surpreendente, dado o desempenho recente da empresa. A Vestas acaba de anunciar os seus melhores resultados em anos, com uma carteira de pedidos histórica e uma presença geográfica diversificada, a maior entre todos os OEMs ocidentais. Além disso, a sua carteira de desenvolvimento próprio tem contribuído significativamente para o aumento das vendas. - Nordex: Crescimento impressionante
Em segundo lugar, a Nordex surge com uma quota de mercado de 25%. A empresa tem registado um crescimento notável nos últimos dois anos, beneficiando dos problemas enfrentados pela Siemens Gamesa com os seus modelos 4.X e 5.X. A Nordex tem ocupado parte do espaço deixado pela concorrente, especialmente na Europa. Em 2024, a empresa atingiu um recorde de pedidos, com 8,3 GW. - GE Vernova: Forte presença nos EUA
A GE Vernova ocupa a terceira posição, com uma quota de 21%. A sua posição dominante no mercado norte-americano explica grande parte deste resultado. Embora a eleição de Donald Trump possa trazer mudanças no setor, o impacto nas instalações onshore deverá ser menos significativo do que no segmento offshore. - Enercon: Estabilidade e foco
A Enercon mantém-se estável, com uma quota de 8%. A empresa alemã continua a destacar-se pelo seu modelo de negócio diferenciado e pela sua estratégia focada em mercados específicos, como a Alemanha e a Turquia. Além disso, é o único grande OEM ocidental que não está cotado em bolsa, o que lhe permite uma gestão mais independente. - Siemens Gamesa (SGRE): Enormes desafios pela frente
A Siemens Gamesa aparece em quinto lugar, com apenas 6% de quota de mercado. Este resultado é surpreendente, considerando o histórico da empresa. No entanto, os problemas com os modelos 4.X e 5.X têm afetado a sua performance nos últimos anos. Apesar de a Siemens Energy já ter colocado o modelo 4.X à venda e estar a trabalhar no regresso da 5.X, a empresa enfrenta o desafio de recuperar a confiança dos clientes.
O que esperar do futuro?
O relatório da Brinckmann destaca a competitividade do mercado eólico ocidental, com a Vestas a consolidar a sua liderança e a Nordex a emergir como uma forte concorrente.
A GE Vernova mantém a sua relevância, especialmente nos EUA, enquanto a Enercon continua a resistir com uma estratégia focada e diferenciada.
Por outro lado, a Siemens Gamesa enfrenta um período de incerteza, com a necessidade de superar desafios técnicos e reconquistar a confiança do mercado.
Este cenário reflete não apenas a dinâmica interna das empresas, mas também as tendências globais do setor eólico, que continua a crescer em importância na transição para energias renováveis.
Qual o ponto de situação real da Siemens Gamesa?
O momento atual da Siemens Gamesa (SGRE) é marcado por desafios significativos, mas também por esforços para recuperar a sua posição no mercado eólico global.
A empresa, que já foi uma das líderes incontestáveis no setor, tem enfrentado uma série de dificuldades nos últimos anos, especialmente relacionadas aos seus modelos de turbinas eólicas 4.X e 5.X. Vamos detalhar a situação:
Desafios técnicos e financeiros
- Problemas com as turbinas 4.X e 5.X
A Siemens Gamesa enfrentou sérios problemas técnicos com as suas turbinas 4.X e 5.X, que resultaram em falhas operacionais e custos elevados de reparação. Esses problemas afetaram a confiança dos clientes e prejudicaram a reputação da empresa no mercado.- A turbina 4.X já foi relançada após correções, mas o impacto negativo nos pedidos e na confiança dos clientes ainda persiste.
- A turbina 5.X, por sua vez, continua em desenvolvimento, com a empresa a trabalhar para resolver os problemas identificados e reintroduzi-la no mercado.
- Prejuízos financeiros
Os problemas técnicos levaram a prejuízos financeiros significativos. A Siemens Energy, controladora da Siemens Gamesa, teve de injectar capital para cobrir os custos associados às reparações e ao desenvolvimento de novas soluções. Em 2023, a empresa registou perdas consideráveis, o que aumentou a pressão sobre a gestão. - Redução da quota de mercado
De acordo com o relatório da Brinckmann, a Siemens Gamesa deverá ter apenas 6% da quota de mercado onshore fora da China entre 2024 e 2034. Este é um declínio acentuado em comparação com o seu desempenho histórico, refletindo a perda de espaço para concorrentes como a Vestas e a Nordex.
A sobrevivência da Siemens Gamesa não está garantida, mas também não é impossível. A empresa tem recursos, tecnologia e o apoio da Siemens Energy para se reerguer, mas precisa de agir rapidamente para resolver os seus problemas técnicos, reconquistar a confiança do mercado e adaptar-se às mudanças no setor eólico.
O próximo ano será decisivo para determinar se a empresa conseguirá superar os seus desafios ou se continuará a perder espaço para os concorrentes.
Para quem deseja aprofundar estas análises, o relatório completo está disponível no site da Brinckmann.