As ciclovias solares podem e vão fazer parte do futuro e da paisagem das cidades, nomeadamente das grandes capitais Europeias.
Os países que são os principais responsáveis pelo aquecimento global são aqueles que fizeram parte da primeira e da segunda revolução industrial, e são também os que têm condições de reverter essa situação por terem melhores condições económicas. A Alemanha é um desses países, e ao que parece, vem fazendo a sua parte para melhorar a qualidade do ar e da vida na Terra, ao menos dentro da Alemanha.
O país vem investindo pesado em energia renovável, e na Alemanha, por exemplo, já é uma realidade as pessoas terem sistemas de captação fotovoltaica e venderem o excedente para a rede, ou seja, ao invés de as casas e famílias serem simples consumidores de energia, são produtores, e ajudam a solucionar o problema de produção. Agora o país resolveu buscar novas formas de produzir energia solar, e uma delas é usando ciclovias, que já são por si só úteis para reduzir e poluição, para também produzirem energia solar, tendo uma atuação dupla.
Ciclovia na Alemanha permite produzir eletricidade
O futuro parece ter realmente chegado a Alemanha, fazendo o país rivalizar com o Japão em inovação. O projeto piloto da ciclovia transforma um equipamento já antigo localizado em uma cidade pequena do oeste do país, em uma ciclovia ultramoderna e alinhada com o desenvolvimento sustentável. A ciclovia absorve ainda ruídos e faz a neve derreter.
O local é o bairro de Liblar, em Erftstadt, cidade cerca de 30 quilómetros a sudoeste de Colónia. É incrível, pois a maneira mais simples de explicar essa ciclovia é uma sequência de painéis solares onde se pode pedalar sobre. Tudo isso foi possível colocando-se sobre o asfalto diversas pequenas pastilhas de vidro laminado nodoso que recobrem este asfalto.
A ideia é de Donald Müller-Judex, engenheiro e fundador da startup Solmove. Ele explica como funciona o sistema implantado em uma ciclovia de quase 40 anos de existência. “Nós a cobrimos do jeito que estava colando células solares fotovoltaicas sobre ela.
Cada pastilha de 10 cm² é uma célula solar, acoplada de forma elétrica e mecanicamente às outras.
Isso permite que o tapete de células solares possa ser flexível e se adapte a ciclovia cheia de nuances”. “Existe ainda uma camada emborrachada que conecta o tapete com a camada de baixo e absorve som”.
O mais incrível é o motivo que fez com que Müller-Judex tivesse essa ideia. Anos atrás, ele procurava locais para instalar painéis solares na região do Allgäu, mas todos os telhados capacitados já estavam ocupados, o que demonstra como a Alemanha está à frente nesse setor.
Apesar disso, era necessário buscar novos locais, e ele percebeu que haviam várias ruas pouco movimentadas e ensolaradas. Ele pesquisou e descobriu que na Alemanha existem 1,4 bilhão de metros quadrados de ciclovias disponíveis para a produção de energia, localizadas em locais com boa incidência solar. Essas áreas poderiam ser usadas de forma dupla, para a locomoção e produção de energia.
O pesquisador Lukas Renken, da Universidade Técnica da Renânia do Norte-Vestfália (RWTH), em Aachen, testou em laboratório o revestimento criado pela Solmove, e acredita que esse equipamento é muito útil, mas deixa claro que os telhados ainda têm melhor desempenho, pois recebem mais sol. Ele vê ainda outros benefícios desse tipo de projeto, pois os ladrilhos das ciclovias permitem iluminação LED, carregamento de veículos elétricos, sensores de tráfego, semáforos, e aquecimento para o inverno.
A cidade que implantou a ciclovia solar já não precisa gastar com limpeza de neve na mesma, já que a ciclovia tem autodescongelamento, e quando tem neve, aquece e descongela. O excedente de energia vai para a comunidade. Müller-Judex acredita que poderão ser gerados mais de 15 mil quilowatt-hora (kWh) por ano, ou o consumo de uma família de quatro pessoas na Alemanha.
Ele declarou ainda a respeito do desenvolvimento da tecnologia e os seus testes que “Nós vamos, nos próximos meses, olhar para o monitor e comparar os rendimentos com a produção fotovoltaica normal, vai demorar dois a três invernos só para testarmos a calefação.” Só o tempo vai dizer se a tecnologia de nódoas auto-limpante vai funcionar a contento, assim como se o sistema vai resistir à geada, e ao peso do trânsito.
A pista tem 90 metros de extensão e 200 metros quadrados, tendo custado 800 mil euros e com financiamento da Iniciativa Nacional para Proteção do Clima, do governo alemão.