A evolução nas vendas dos carros elétricos tem representado uma boa notícia em termos ambientais, mas já começa a fazer as suas primeiras vítimas.
Os operadores da rede elétrica alemã apontam para uma saturação na distribuição, algo que irá forçar o governo alemão a colocar limites nos carregamentos domésticos.
Alemanha poderá limitar potência da carga dos veículos elétricos
Com o aumento generalizado dos combustíveis, muitos condutores estão a optar por substituir os seus carros a gasóleo e gasolina por modelos elétricos ou híbridos.
Se em termos ambientais esta mudança tem grandes benefícios, está, por outro lado, a criar grande preocupação nos operadores de rede elétrica.
Na Alemanha, os operadores têm avisado o governo que a rede elétrica tem mostrado sinais de saturação, estando a ser identificadas algumas sobrecargas.
Em determinadas alturas, resultante da acumulação do carregamento de carros elétricos em postos públicos e privados juntamente com a utilização das bombas de calor a nível doméstico e à crescente utilização de equipamentos elétricos também no mercado empresarial, tem sido registado um consumo excessivo que pode levar a uma quebra no fornecimento de eletricidade aos consumidores.
Carregamentos domésticos limitados a 3.7 kWh
Ciente destas dificuldades, o governo alemão prepara-se para impor medidas para controlar esta nova realidade.
Os mais de 50 mil postos de carregamento públicos irão ficar inalterados, no entanto, os carregadores domésticos poderão em breve ser limitados a 3.7 kW.
Intitulada pelos alemães como estrangulamento forçado, existem ainda diversas dúvidas sobre a sua aplicabilidade.
Além de ser contestada por apenas interferir nos carregamentos domésticos, fala-se também que irá ter uma limitação de 2 horas, embora não haja nenhum critério para definir em que horas será limitado.
Em termos práticos, a limitação do carregamento a 3.7 kW fará com que um carro com bateria de 30 a 40 kWh poderá demorar 10 horas a carregar.
Se considerarmos uma bateria de longo alcance com 110 kWh, então passamos a necessitar de 30 horas para carregar 80% da bateria.
Mantém-se a discórdia sobre o impacto dos carros elétricos na rede
Com o crescimento das vendas de carros elétricos, cresce também a discórdia sobre o seu impacto.
Por um lado, vários estudos apontam que o impacto na rede elétrica é diminuto. É o caso de um estudo recente da Bloomberg que refere que se 50% da frota fosse elétrica apenas veríamos um crescimento de consumo elétrico de 9%, podendo chegar entre 11% a 15% se considerados os autocarros e camiões. Com 90 a 100% da frota elétrica seria registado um aumento de 27%.
Por outro lado, com apenas 50 mil carregadores públicos (a Alemanha quer instalar mais 1 milhão até 2030), já se começam a sentir os efeitos dos carros elétricos na rede, tendo até já feito disparar o aviso vermelho nos operadores devido à saturação da rede.
Mantém-se assim a dúvida sobre o verdadeiro impacto da mobilidade elétrica e das alterações que serão necessárias para que a rede possa albergar uma frota completamente elétrica.